VIDEOPARAFAZER FOI ESPECIALMENTE CONCEBIDO PARA INTEGRAR A EXPOSIÇÃO GALERIA EXPANDIDA. A SUA CONSTRUÇÃO BUSCA, POR MEIO DE AMPLA REDE DE RELACIONAMENTOS, RECEBER E ARMAZENAR VÍDEOS CELULARES COM CONTEÚDOS DIVERSOS. REFLETINDO SOBRE O CONTEÚDO ÁGIL E BREVE PROVENIENTE DA MOBILIDADE CELULAR, O BLOG, EM PROCESSO, PRETENDE ELABORAR A PARTIR DO CONJUNTO DE VÍDEOS RECEBIDOS, NÃO UMA SEQÜÊNCIA LINEAR, MAS UMA NARRATIVA INTERATIVA E FRAGMENTADA, DE BAIXA DEFINIÇÃO, DE ESPAÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS.

texto curatorial

de fora prá dentro – galeria expandida
concepção e curadoria de Christine Mello
assistência curatorial: Ananda Carvalho e Paula Garcia
realização: Luciana Brito Galeria
período: 27/03 (sábado, abertura) a 17/04 (sábado, encerramento)


de fora prá dentro-galeria expandida é uma mostra que reflete sobre circuitos da arte e da mídia. Baseada em artistas que promovem ações midiáticas, discute circuitos de visibilidade na arte.

Tomando como princípio o espaço que ocupa a galeria nesse contexto de discussão, a operação curatorial traz para dentro da galeria um tipo de trabalho que geralmente ocorre em ambientes fora dela: trabalhos que acontecem no espaço público, de natureza efêmera e midiática. Ao possibilitar uma contra-circulação desses trabalhos em seus ambientes, propõe que a galeria se expanda como um ambiente de relações e trocas, como um fluxo informacional.

O interesse da exposição reside numa reflexão em torno de experiências históricas como as de Analivia Cordeiro, Regina Silveira, Ricardo Basbaum, Gilbertto Prado, Lucas Bambozzi e Fabiana de Barros, produzidas respectivamente entre os anos 1970-2000, assim como em torno de ações especialmente criadas para a exposição, que associam esse grupo de artistas a novas vertentes, como Ana Paula Lobo, Bruno Faria, Claudio Bueno, Denise Agassi, Esqueleto Coletivo e Paula Garcia.

O projeto reúne em quatro plataformas curatoriais (histórica, novas vertentes, depoimentos/performances/debates e online) a apresentação de obras, documentações, revisões históricas e uma publicação, acompanhadas por um ciclo de depoimentos (quartas-feiras 31/03, 07/04 e 14/04) e performances seguidas por debates (sábados 27/03, 10/04 e 17/04), que questionam o fora e o dentro de ambientes expositivos através de ações artísticas em diálogo com contextos comunicacionais.

As questões pertinentes à exposição dizem respeito a pensar conexões entre espaços da arte e experiências acessíveis no nosso cotidiano (como as promovidas pela internet, televisão, telefonia móvel, mídia indoor e outdoor, rádio, jornal, revistas, cartazes, filipetas e camisetas) que integram o universo das redes de comunicação, do circuito publicitário e das marcas.

Ao colocar em atenção os canais por onde circulam boa parte do capital simbólico e econômico que integram a sociedade contemporânea, a curadoria propõe que o ambiente da galeria transforme-se num espaço aberto tanto ao enquadramento quanto ao desenquadramento de tais experiências.

Desde a invenção da fotografia a arte promove deslocamentos dos seus circuitos tradicionais para circuitos não convencionais, reconhecíveis, entre outros, no âmbito dos circuitos comunicacionais, sendo, inclusive, um lugar privilegiado de investigação do Fluxus, da pop art e das proposições conceituais. Nesse sentido, as discussões apresentadas nessa plataforma curatorial ocupam um contexto histórico e ao mesmo tempo tenso dessas relações pelo fato de explorar esse debate hoje e perceber relações existentes no âmbito da cultura digital.

Diferentemente dos debates produzidos entre os anos 1960-1970, de fora prá dentro-galeria expandida abrange a experiência de se inserir e agir dentro do tecido institucional e social das redes por onde circulam a arte e os canais de comunicação. Nesse caso específico, significa se inserir no espaço econômico e público do tecido institucional, agindo de forma crítica entre o espaço da galeria e o espaço das mensagens comunicacionais. Busca, com isso, abrigar discussões sobre os paradoxos, os conflitos, as impossibilidades, as dúvidas, as negociações, as analogias e os diálogos existentes entre um e outro campo de ação.

Nessa reflexão, em lugar de buscar discernir especificamente em que contexto encontra-se uma e outra realidade, as atividades aqui propostas privilegiam o debate a partir do contato com experiências ambíguas, mais descentralizadas, baseado nos estados intermediários, nos estranhamentos e nas contaminações de uma realidade pela outra. Não se trata de pensar os espaços da arte e os espaços midiáticos como temas das discussões. Ao contrário, trata-se de notar como as negociações e agenciamentos entre esses espaços oferecem um outro modo de questionar e perceber esses espaços.

Se os processos midiáticos são permeados por questões que não podemos deixar de enfrentar pelo fato de carregarem em si boa parte dos sinais da vida contemporânea, é compreensível, portanto, que o conjunto constituído pelos artistas, historiadores, críticos, galeristas, agenciadores culturais, publicitários e profissionais da mídia aqui envolvidos reflitam sobre os espaços da arte como canais de circulação da informação.

Ao se pronunciarem tais desafios, a intenção é colocar em discussão as relações e os paradoxos existentes entre arte e circuitos midiáticos, traduzidos aqui sob a forma de uma revisão crítica de determinadas experiências e tendo como princípio o convívio ampliado das idéias artísticas na decodificação da vida em seus sinais.